sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Paróquia de Nossa Senhora do Rosário - Muribeca dos Guararapes

sábado, 28-08-2010, conjunto muribeca, VIGILIA na capela de santa terezinha.
domingo, 29-08-2010, conjunto muribeca, ARRASTÃO para a juventude, música, fé e lazer.

Até quando seremos discriminados? Perguntam os moradores, comerciantes e cidadãos que têm as localidades periféricas como morada na região metropolitana de Recife-PE. As periferias narradas por aqueles que nela nunca tiveram sempre se reduz à miséria, violência, pobreza e insegurança. Esse cenário imaginado acaba se constituindo em problemas para os moradores de bairros periféricos, pois não somente a localidade, mas também eles passam a ser percebidos pelo olhar da suspeita e medo.
Numa cidade marcada pelo medo e insegurança morar numa localidade reconhecida como “perigosa” e “violência” se traduz num drama social para muitos moradores. Cotidiamente, acabam sofrendo humilhações sociais, tais como desconsideração, gozações e zombarias e injurias pelo fato de morarem em determinado localidade, até mesmo podem perder a possibilidade de um emprego.
A sua circulação a noite, já restringida pelo deficiente transporte público, é mais ainda limitada pela “má-fama” da localidade. Muitos táxis, por exemplo, se recusam a fazer serviços para determinados lugares da cidade. Imagine solicitar serviços de fast foods - isso para aqueles que podem pagar, um sonho, pois a “geografia do medo” excluí esses espaços da possibilidade de atendimento.
Essa “geografia do medo”, também precariza o acesso a serviços públicos, visto que profissionais da saúde, educação, etc. passam, diante da expectativa do medo, a não ir para esses lugares. Geralmente os profissionais mais experientes e qualificados, acabam buscando os locais de trabalhos mais centrais.
Os moradores são prejudicados por uma fama que não ajudaram a construir e que não representam nem 1% da população do bairro, passam ser julgados pela “imagem social” que não foi construída pela totalidade do bairro. Até mesmo, nos bairros onde os moradores argumentam ter ocorrido uma redução da violência, a sensação reconhecida da cidade marcada pelo medo continua a apontá-los como “lugares de perigo”.
Não se quer dizer que nesses bairros não haja violência e que não estejam sendo controlados por traficantes e gangues, apenas se deseja apontar que esse reconhecimento não se traduz em construção de políticas que possam inverter essa realidade vivida por esses bairros, mas num aprofundamento do preconceito e discriminação. Assim, os moradores, além de vítimas da violência, seja sofrendo ou perdendo amigos ou parentes nela, novamente se tornam vítimas daquela pelo fato de morarem no lugar onde ela mais ocorre no contexto da cidade, passando assim a ser reconhecido como “espaço do criminoso”, “do perigo”.
Não importa o que dizem os moradores sobre o lugar onde vivem, acabam sendo avaliados pela “má-fama” do bairro e vivendo na pele os efeitos negativos desse fenômeno chamado violência.
Por tudo isso, as Políticas de Segurança desenvolvidas pelos poderes públicos não podem negligenciar essa problemática, precisam não tão-somente prevenir e combater a criminalidade, mas pensar uma estratégia que quebre com o processo de estigmatização de determinados lugares da cidade, que afete centralmente direitos civis dos moradores desses lugares.
Portanto, nossa Vigília por uma Juventude de Paz é um gesto concreto de nossa Igreja, pois “só quem reconhece a Deus, conhece a realidade e pode responder a ela de modo adequado e realmente humano” (Papa Bento XVI).

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