quinta-feira, 12 de abril de 2012

AMEAÇA À VIDA E AOS DIREITOS DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS PESQUEIRAS

Nós participantes do estudo/encontro sobre aquicultura realizado nos dias 12 e 13 de março de 2012 em Olinda PE, após uma profunda reflexão sobre os impactos socioambientais desta atividade nos territórios tradicionais de pesca artesanal no Brasil e no Chile vimos manifestar nossa solidariedade à luta dos povos e comunidades pesqueiras. Povos que resistem ao modelo de aquicultura industrial e intensiva, que ameaça a biodiversidade do planeta, a soberania alimentar e o patrimônio cultural material e imaterial destas comunidades tradicionais.

Nestes dias escutamos atentamente as experiências e os clamores dos pescadores brasileiros e chilenos que estão sendo expulsos violentamente dos seus territórios com a implantação da aquicultura industrial e intensiva, a exemplo da carcinicultura no Brasil e salmonicultura no Chile. Estas atividades têm promovido nos últimos anos uma destruição verdadeira dos estoques pesqueiros (reservas marinhas) e uma extensiva privatização dos manguezais e das águas (bem como dos espaços de moradia dos pescadores e pescadoras), inviabilizando a soberania alimentar e o processo de reprodução física e cultural das comunidades pesqueiras artesanais.

No Brasil estamos acompanhando com bastante preocupação uma série de iniciativas (investimento público) do Governo através do Ministério da Pesca para alavancar o desenvolvimento da aquicultura. Percebemos que o governo brasileiro, a exemplo da experiência chilena, tem sido bastante subserviente na criação de leis que visam facilitar da implantação de parques aquícolas, tanto no litoral quanto nas águas continentais, sem a participação da sociedade. Inclusive passando por cima de acordos internacionais do qual é signatário como a convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho - OIT, garantindo que discussões sobre mudanças em legislações que impactem nas comunidades tradicionais devem preceder de uma consulta a estes povos e comunidades.

Aprendemos com a experiência do Chile que o modelo de aquicultura industrial e intensiva baseada no monocultivo do salmão para exportação representa uma grave ameaça não somente a existência das comunidades pesqueiras, mas também compromete a saúde pública de um modo geral. Uma vez que esta produção requer a utilização intensa de produtos químicos (antibióticos, pesticidas, antifólios) bem como o uso de pigmentos artificiais para a coloração da carne do salmão tão cobiçada na Europa, Japão e Estados Unidos. Aprendemos que se trata de um modelo defendido e financiado por grandes corporações internacionais sobre a legitimação e subsídios de Estados e Governos que se dizem democráticos, mas no entanto submetem todo seu patrimônio ambiental e cultural aos interesses do capital internacional.  Em verdade a experiência do Chile denuncia a face neoliberal dos Estados latino-americanos que entregam seus recursos naturais às corporações multinacionais responsáveis pela neocolonização do continente subjugando e violentando os direitos dos povos e comunidades tradicionais.

DIANTE DESSE CONTEXTO DE EXPROPRIAÇÃO DOS TERRITÓRIOS E DOS RECURSOS PESQUEIROS NA AMÉRICA LATINA, REPUDIAMOS:

O modelo de desenvolvimento baseado no lucro a qualquer custo e na produção de bens para exportação ás custas de nossos ricos ecossistemas. É um modelo destrutivo: degrada o meio ambiente, polui as águas e o solo, contamina lençóis freáticos. É responsável pela expulsão das comunidades tradicionais de seus territórios;

Esse modelo que impede a reprodução física e cultural das comunidades, que ameaça a soberania alimentar de milhares de comunidades que tem na pesca sua principal fonte de renda e de alimentação, comprometendo assim a reprodução dos estoques pesqueiros, limitando e restringindo o acesso aos recursos pesqueiros;                                                                                                                 

A falta de controle sanitário sobre a atividade, caracterizada pelo uso abusivo / intensivo de antibióticos, pesticida, antifólio (altamente poluidoras / tóxicas) e a utilização de pigmentos, por exemplo, na produção do salmão, que coloca em risco a saúde das pessoas, que não têm acesso as informações sobre os produtos que consomem. Os megaprojetos de aquicultura, que são sistemas de monocultivos (industriais e intensivos) realizados a partir de espécies exóticas que requerem alto volumes de capitais financeiros, alto consumo de energia, grandes pacotes tecnológicos e químicos associados à produção, além de processos de modificação genética para garantir eficácia produtiva;

As alterações feitas na legislação ambiental nos níveis, locais, nacionais e internacionais que facilitam a expansão desses projetos, diminuindo a proteção e permitindo o avanço sobre os espaços marinhos e costeiros e de suas áreas de influência.

DEFENDEMOS E EXIGIMOS:

A permanência dos povos e comunidades tradicionais pesqueiras em seus territórios como forma de preservação e reprodução da rica diversidade cultural, ambiental e social;

O comprimento dos acordos internacionais (169 OIT) assegurando o acesso dos povos e comunidades tradicionais aos recursos naturais, a permanência nos seus territórios, o respeito e a garantia do seu modo de ser e fazer, de participar das discussões sobre as alterações de normas que incidam sobre suas vidas e de poder discutir profundamente sobre implantação de projetos que impactem negativamente seus territórios;

O respeito à legislação das Nações Unidas que trata dos direitos dos povos indígenas (resolução 61/295 de 2007) – que assegura os direitos coletivos dos povos indígenas e das comunidades das áreas costeiras;

A responder da solicitação da Organização Mundial da Saúde que não permite o uso massivo de antibióticos na mega produção de aqüicultura;

O apoio à convocação que garanta que os povos e organizações populares participem da construção de diretrizes para assegurar a pesca sustentável de pequena escala que está sendo discutida na comissão de pesca das Nações Unidas (este documento reconhece a importância da pesca artesanal enquanto segurança alimentar, lutar contra a pobreza, bem estar social e manejo sustentável dos recursos pesqueiros);

Por fim, achamos importante fortalecer o vínculo entre as comunidades pesqueiras que lutam em defesa da pesca artesanal na America Latina: que se promova um intercambio entre as comunidades tradicionais deste continente, a fim de enfrentar o modelo de aquicultura industrial para exportação que vem sendo imposto pelas grandes corporações internacionais e os governos nacionais comprometidos com este sistema.

FONTE: CPP/REGIONAL II

domingo, 1 de abril de 2012

VIA SACRA DA FRATERNIDADE PELAS RUAS DO CENTRO DO RECIFE


12ª VIA SACRA DA FRATERNIDADE, um evento com grande envolvimento popular, no centro comercial da capital pernambucana,  na quarta-feira  da Semana Santa, com  o comércio aberto e em colaboração com ele.
 Dinâmica de realização:·         6h da manhã - CONCENTRAÇÃO, no Pátio de São Pedro, para orações e entrega de doações;·         8h - Início da VIA SACRA, percorrendo ruas, praças e avenidas do Recife, terminando com a celebração da Santa Missa, na Basílica do Carmo (Pátio do Carmo).

PERCURSO DA CAMINHADA
01ª Estação Pátio de São Pedro
02ª Estação Pátio do Carmo(Pastoral da Saúde)
03ª Estação Camboa do Carmo(pastoral da sobriedade)
04ª Estação Camboa do Carmo(pastoral Carcerária )
05ª Estação Frei Caneca (pastoral da criança)
06ª Estação Concórdia (pastoral da Aides)
07ª Estação Rua Nova(Pastoral Social)
08ª Estação Rua Nova
09ª Estação Praça da Independência(Vereadores do Recife)
10ª Estação Rua Rosário dos Pretos(pastoral da Pessoa Idosa)
11ª Estação Rua Duque de Caxias
12ª Estação Rua Duque de Caxias
13ª Estação Pátio do Livramento(pastoral das Famílias)
14ª Estação Pátio do Livramento (Bote Fé)

Todos com as camisas da sua pastoral e seus movimentos 

O QUE É A VIA-SACRA DA FRATERNIDADE?

É uma caminhada de reflexão sobre os mistérios da Paixão e Morte de Jesus, que é realizada na Quarta-Feira de Trevas, durante a Semana Santa, este ano marcada para o próximo a manhã do próximo dia 20 de abril, que se encerrará na Basílica do Carmo, no centro do Recife.

É um evento que envolve casas comerciais, igrejas e empresas situadas no percurso, no bairro de Sto. Antônio. Cada “Estação” da Via Sacra, das 14 que compõem a seqüência de reflexões, é realizada em um diferente local, previamente escolhido.

Este ano, teremos a 12ª  edição da Via-Sacra da Fraternidade, com o tema da Campanha da Fraternidade 2012, da CNBB: “Fraternidade e Saúde Pública”. A concentração vai ser no Pátio de São Pedro, onde acontece a acolhida, com orações e cantos. Também aí começa a coleta material de higiene pessoal e alimentos para os idosos do Abrigo Cristo Redentor.  No Pátio de São Pedro estará estacionado o veículo que estará recolhendo os donativos.

As casas comerciais,  livrarias católicas e  igrejas existentes  no percurso,  num total de catorze locais, acolherão  a VIA SACRA, para que se faça em cada uma delas, a reflexão de uma das "Estações" da Via Sacra. Essas "estações" serão identificadas por um "banner" assinalando a passagem bíblico a ser refletido e por um pequeno "altar", com velas, crucifixos, etc.
Uma grande e pesada cruz de madeira de 100 Kg  será carregada de uma estação para outra, por diferentes grupos de idosos, mulheres, viúvas, estudantes, funcionários públicos, homens, desempregados, etc. A cruz tem sido sempre um elemento visual que chama muito a atenção nesta Via-Sacra, que atrai gente que quer rezar em clima de Semana Santa.

Com a chegada prevista para as 11:30 horas, haverá a Missa de encerramento na Basílica do Carmo, no centro do Recife, presidida pelo Arcebispo Dom Fernando Saburido.

A Via-Sacra nas ruas é um momento de evangelização para quem vai acompanhá-la e para quem tiver contato com ela em sua passagem. É um sinal de nossa fé em Jesus Cristo Salvador, no coração da cidade do Recife.


Um povo em via sacra


A quarta-feira santa no Recife vai ser marcada pela Via Sacra da Fraternidade, celebrada nas ruas do centro da cidade, em sua 12ª edição. Vem sendo realizada a cada ano em dia de atividades normais (como é a quarta-feira santa), nas ruas de maior fluxo popular do centro da capital pernambucana, com o comércio aberto e, o melhor, em colaboração com ele. A concentração começa às 6 horas da manhã. no Pátio de São Pedro, palco de grandes manifestações culturais da cidade.

Às 8 da matina, sai a Via Sacra, fazendo paradas nas 14 estações em frente a lojas e igrejas no percurso. As casas comerciais, livrarias católicas e igrejas responsáveis pelas paradas colocam faixas no local, altarzinho e participam nas orações. A Via Sacra da fraternidade não somente tem contado com um grande acompanhamento popular, como também com uma franca adesão do comércio. Basta dizer que quando a caminhada passa, comerciantes, comerciários e consumidores suspendem as atividades e visivelmente participam dos cantos e das orações.

E qual seria o objetivo de uma iniciativa como essa, fora do ambiente paroquial e realizada asso, quando a população está nas compras, ocupando-se em tantos afazeres e negócios? A razão é simples: queremos envolver o centro da cidade no clima da Semana Santa. Lembrar à população que estaremos na grande semana do cristianismo, tempo sagrado de tantas e belas celebrações que nos põem com contato com o mistério da cruz, morte e ressurreição de Jesus Salvador. Para a AMA (Associação Missionária Amanhecer) que promove esse evento, a Via Sacra é, antes de mais nada, um gesto missionário. O espírito missionário nos empenha em tudo fazer para levar aos outros a mensagem de salvação do Evangelho.

A Via Sacra é o caminho da cruz, acompanhando o Senhor na sua paixão e morte. A gente acompanha o drama da paixão, relê o evangelho da morte e ressurreição a partir de gestos, palavras e cenas que nos fazem refletir e rezar. E a Campanha da Fraternidade nos ajuda a entender a paixão de Jesus nos dramas do povo sofredor. Neste ano, a Via Sacra da fraternidade do Recife vai rezar com o mote da Saúde: a promoção da saúde, o cuidado com os doentes, o compromisso com um SUS de qualidade, o atendimento que respeite a dignidade da pessoa humana.

O clamor dos crucificados de hoje desafia nossa consciência de cristãos. Em que medida as nossas comunidades, os nossos projetos pastorais, a nossa vida de Igreja estão nos levando a construir uma sociedade preocupada com a saúde dos cidadãos e com um tratamento digno e decente nas situações de doença? Coisa pra gente pensar e mudar, acompanhando a Via Sacra da fraternidade em nossas comunidades ou no centro do Recife, na próxima quarta-feira santa, dia 04 de abril.





Pe. João Carlos Ribeiro, sdb
Diretor da Associação Missionária Amanhecer (AMA)